novembro 29, 2009

Sou delírios


“Não pondero, sonho; não me sinto inspirado, deliro”. 
Fernando Pessoa




Desenho de William Blake - O Vendaval dos Amantes, 1824-27


Sou uma ilusão
Impressão – talvez – derradeira
Coisa primeira de sonhos infantis
Sou delírios; nunca fatos
Mas posso ser atos
De um ator gritante
Sou gigante
Bebo: deletério que corrompe
Aquilo que ainda chamam de alma
Aquilo que os gregos nomearam psiquê

Penitência atroz:
Não vivo,
Sonho o inalcançável
Sonho não sonhar diferente
Todos os dias

Lucas Betancourt





 

novembro 28, 2009

Encadeados caminhos











Enya






No escuro, só uma vela


Revela minha preocupação:

Solidão que não cessa

Confessa-me a exaustão

Não se pode extinguir

Mentir é preciso para ir

Prosseguir no destino:

Fino caminho de minha ilusão

Coração é preciso encadear-se

Concatenar-se à imaginação




novembro 22, 2009

desinformação informada

Estudo mostra que apenas 7,5% dos brasileiros compram obras de literatura


De Agencia EFE – Há 1 dia

Rio de Janeiro, 21 nov (EFE).- Apenas 7,47% da população brasileira compram livros não didáticos e destinam à literatura o equivalente a 0,05% da renda familiar, segundo um estudo divulgado neste sábado por editores reunidos no Instituto Pró-Livro.

O pouco orçamento destinado à leitura se reflete em que 60% dos brasileiros nunca abrem um livro e, quem tem o costume, lê 1,3 obra literária ao ano, segundo o estudo, baseado em dados oficiais.

A taxa de leitura no país aumenta para 4,7 exemplares por ano incluindo as obras pedagógicas e didáticas.

Segundo o estudo, 75% dos brasileiros que se consideram leitores afirmou na enquete que sentem prazer na leitura, e o resto admitiu que só lê por obrigação.

A média de leitura dos brasileiros é dez vezes inferior à dos Estados Unidos e quase a metade à da Colômbia, país onde é lida uma média de 2,4 livros por ano, segundo as mesmas fontes.

O estudo indica que, no Brasil, 21 milhões de pessoas são analfabetas, que estão incluídas nos 77 milhões de habitantes considerados não leitores, e 95 milhões leem ativamente, segundo dados de 2007.


Fonte: Epa

novembro 21, 2009

Rede

REDE


                   Emboladora do sono...
                   Balanço dos alpendres e dos ranchos...
                   Vai e vem nas modinhas langorosas...
                   Vai e vem de embalos e canções...
                   Professora de violões...
                   Tipóia dos amores clandestinos...
                   Grande...  larga e forte...  pra casais...
                   Berço de grande raça.


S                                  A
U                           S
S                  N
P    E


Guardadora de sonhos
Pra madona ao meio-dia
Grande... côncava...
Lá no fundo dorme um bichinho...
—  Balança o punho da rede pro menino dormir.


Extraído do Livro de Poemas
Jorge Fernandes

Nasceu um Poeta!

Foi numa tarde
O sol , no acaso , tingia o poente
De sague, de cinza,
De cores tão tristes,
Tão tristes demais!
                             – Oh feios augúrios!
                             Pro Jorge ao nascer!

Sofria num quarto,
Um ente querido,
As dores do parto,
De um parto infeliz!

                             Nos panos do leito
                             A cor do poente!...
Mais tarde, era noite,
Já noite fechada,
Ouviu-se uns vagidos
Aflitos! Aflitos!
– Meu Deus que será?..
                             E fora rezavam
                             Baixinhos louvores,
                             A Nossa Senhora
                             do Parto e das Dores!



Jorge Fernandes



Extraído do livro:
Jorge Fernandes - O viajante do tempo modernista
obra completa.

Organização: Maria Lúcia de Amorim Garcia
Editora: Rn Econômico

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novembro 02, 2009

Sacrifício


Um dia eu fui brincar num bosque e encontrei uma flor...

... Ora, que importância teria? Um bosque: tantas flores.

Mas a flor era... Era uma flor como todas as outras. Admito.

Mas ao invés de ter ido ao seu encontro ela me encontrou.

Pena que para vir encontrar-me ela teve que parar de viver como as outras tantas flores do bosque.