junho 05, 2011

Minha emoção é rio; minha razão, oceano.

A minha emoção é rio; minha razão, oceano. 

Weeping Woman - Picasso


Minha emoção se inunda neste continente, se faz, desfaz, beija-se nas matas rebeldes do país, se enterra no chão seco do sertão, é sugada por cactos, serve a animais e plantas, inunda-se, deixa encandear a luz nas bacias amazônicas. Minha emoção é rio com ou sem discurso. Minha emoção é o Velho Chico, mas também está no sul, norte ou centro-oeste. Minha emoção também é sudeste. Minha emoção se perde, se cerca de gente que dela se faz, se cerca de montes e vales, se deixa entregar neste ciclo da vida, faz parte do suor dos outros, faz parte de cada parte. Faz a sua parte em fundir-se ao mundo. Mas, um dia, minha emoção chega ao mar... vasto mar, minha emoção percebe-se derrotada, ou melhor, submissa ao seu destino, vai e se enlaça ao mar-verdade. Maroceano. Perco-a, e assim, cumpro meu curso ao ganhar a razão em seu completo estado da 3ª lei de Newton. Ganho o retorno, entorna-se a emoção no vasto mar. Salgam-se as lágrimas.