Poema De Sete Faces 1960 - ANTOLOGIA POÉTICA | |||||||||||||||||||||
Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: Pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O Homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. | |||||||||||||||||||||
Carlos Drummond Andrade |
janeiro 02, 2010
Poema de 7 faces
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Ele é maravilhoso..
ResponderExcluirnão conhecia esse poema! :)
Maravilha mesmo.
ResponderExcluirAgora esta face você já conhece.
Beijos,
Ry.
adoro!
ResponderExcluirobrigado pela visita :)
abraços
ana
Foi um prazer, ana.
ResponderExcluirBeijos,
Ry.
poema sem faces
ResponderExcluirpara Carlos Drummond de Andrade, em memória
Quando eu nasci, um poeta gauche
desses que vivem na praia,
disse: Vai, Carlos! ser Fred na vida.
Os homens espiam as mulheres
que correm atrás de casamento
O azul talvez não tardasse
houvesse desejos mais nobres.
O ônibus passa cheio de braços:
braços curtos compridos magros
Para que tanto braço, my God,
pergunta meu miolo mole.
Meu coração, porém, não pergunta nada.
A mulher atrás do homem de bigode
é risonha, complexa e frágil.
Fala pelos cotovelos.
Tem muitas amigas fáceis
o homem da mulher de bigode.
My God, por que te abanas
se sabes que já é outono
se sabes do frio no meu peito.
Catre, catre, estreito catre
se eu me chamasse Fernando
não seria rima, seria solução.
Catre, catre, estreito catre
aprisionas o meu coração.
Eu devia te dizer
mas essa luz
mas essa cachaça
botam a gente
embriagado como os anjos.
Fred Matos
Julho de 2002
Deixo-te um beijo, Ry, e o desejo de que tenhas um belo domingo.
Mais que interessante, Fred.
ResponderExcluirSeu eu me chamasse Raimundo não faria uma rima nem um poema melhor.
Mas que re-leitura.
Beijos,
Ry.
Este é um dos melhores do Drummond na minha opinião.
ResponderExcluirValeu pela visita, A. Reiffer.
ResponderExcluirEu também gosto especialmente deste.
Beijos,
Ry.
massa :]
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