outubro 31, 2009

Aquela porta ou o cômodo escuro

E se eu te dissesse que já entrei por aquela porta – se eu te dissesse conscientemente. Posso não decifrar teus pensamentos, mas eu já entrei e descobri (mesmo assim não entendo).

Talvez tenha sido você o causador de minha entrada. Deixou-a semi-aberta. No entanto, não decifrei teus pensamentos. Será que quem evita sou eu ou você? O inconsciente. Talvez mais consciente do que a consciência.
Acho que vi os teus olhos... Eles olharam os meus quando eu entrei naquele cômodo escuro.
O cômodo era de uma escuridão que cativava como se fosse... Não há palavras.
Talvez o ato de não ser ou ter nada naquele momento foi o melhor ato. Entrei naquele lugar para descobrir, achando que já sabia de algo. Saí daquele cômodo consciente de que não sabia de nada, muito menos sobre você.
Será que eu posso dizer aquela porta?

outubro 18, 2009

Um menino que me olhava....



Um menino que me olhava


Transformou-se no meu afago


Minimizou a dor que trago


De tão bem que me tratava


 Ah! Como a ilusão foi boa


Não foi só um amor à toa


Pois era o alguém me faltava


Sonho posto em matéria

Feito em lembrança de Ana, a mulher que foi esposa de Euclides da Cunha.

outubro 17, 2009

Hélio Oiticica




Morre parte da arte e da história de Oiticica - ainda nos resta a memória...

Quase completamente destruído por um incêndio na noite de sexta-feira, o acervo de Hélio Oiticica que ocupava uma reserva técnica instalada na casa do irmão do artista plástico era motivo de um impasse entre a família e a Prefeitura do Rio.
Em abril deste ano, herdeiros de Hélio Oiticica interromperam uma exposição do artista no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, que ficaria em cartaz até junho, e retiraram as obras de arte que estavam na reserva técnica do espaço. O motivo foi o não pagamento, pela prefeitura, da segunda parcela de R$267 mil, referente à produção da mostra. A família, responsável desde 1981 pelo Projeto Hélio Oiticica, que cuida do acervo do artista, receberia o dinheiro em janeiro.
O arquiteto César Oiticica, 70 anos, é diretor do projeto, cuja parceria com a prefeitura ocorre desde 1996, quando o centro de arte que leva o nome do artista foi inaugurado.
De acordo com a prefeitura, o atraso no pagamento deveu-se uma auditoria em toda a Secretaria municipal de Cultura devido às mudanças na gestão municipal. Em junho, a dívida foi paga e a exposição "Hélio Oiticica: Penetráveis" foi reaberta para o público e permaneceu em cartaz até o fim de agosto, para compensar o tempo de interrupção.
Na época da suspensão da exposição, os herdeiros ainda retiraram as obras do artista do centro, sob a alegação de que ele não reunia as condições necessárias para o armazenamento de obras de arte. Elas foram então transferidas para a reserva técnica criada pelo projeto, na casa da família no Jardim Botânico. Na época, César Oiticica declarou:
- O centro não tem desumidificação, tem um banheiro dentro da reserva técnica, o que vai contra todos os padrões museológicos. Sabemos que a prefeitura não tem condições nem verbas neste momento, mas não é um problema para a gente cuidar do acervo.
Desde então, os responsáveis pelo Projeto Hélio Oiticica e a Secretaria municipal de Cultura negociavam uma nova parceria, até o momento sem sucesso.
À rádio CBN, a secretária de Cultura do município do Rio de Janeiro, Jandira Feghali, contou ter chegado a propor um comodato à família do artista, como faz o MAM com o acervo do colecionador Gilberto Chateaubriand, para que essa obra ficasse exposta permanentemente no Centro Cultural Hélio Oiticica
- Nós estamos abertos a ter a obra de Hélio Oiticica sob o comando do poder público, em comodato sob responsabilidade nossa. Espero apenas que esse acordo seja possível de ser feito, que é uma coisa que até agora a gente não conseguiu. Da nossa parte, há a total disposição para a preservação, desde que isso tenha de fato a responsabilidade do poder público, porque o Centro Hélio Oiticica é um centro público, mesmo que esse acervo seja de propriedade da família.


Retirado de: O GLOBO

outubro 12, 2009

Pensamentos de Drummond de Andrade

"O homem vangloria-se de ter imitado o vôo das aves com uma complicação técnica que elas dispensam."

"Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante."


"A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio."

"Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons."


"Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira."



outubro 10, 2009

Correio feminino

"As pessoas que se comprazem no sofrimento, que gostam de sentir-se infelizes e fazer aos outros infelizes, jamais poderão orgulhar-se de sua beleza. O mau humor, o sentimento de frustração, a amargura marcam a fisionomia, apagam o brilho dos olhos, cavam sulcos na face mais jovem, enfeiam qualquer rosto. Essa é a razão porque a mulher, que cultiva a beleza, deve esforçar-se para ser feliz. Felicidade é estado de alma, é atmosfera, não depende de fatos ou circunstâncias externas.”


Clarice Lispector

No Meio do caminho...

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.


Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Drummond de Andrade

Na Revista de Antropofagia publicou, em 1928, "NO MEIO DO CAMINHO".

outubro 03, 2009

Saudade



Hei de viver feliz se acreditares,


Tu que, como fogo, em mim ardes,


Sempre que sozinho me deixares,


Que sempre de ti, amor, sentirei saudades,





Pois sem ti me sinto sem verdades,


Hei de viver bem se em mim confiares,


Sempre de ti, meu amor, sentirei saudades,


Deixas-me, pois segurar os teus pilares.





Linda minha, se inventares,


Tu que és diva de minhas realidades,


De deixar-me às minhas vontades,


Estarei contigo a respirar teus ares,





Ares campestres ou das cidades,


Se feliz me acompanhares,


Pelos céus e pelos mares,


Ainda assim, meu amor, de ti sentirei saudades.

Hadson José

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VOCÊ

Você


Nem das estrelas mais brilhantes viu luz tão ofuscante.
Mesmo que o espaço agora distante,
Faz-se de tristeza torturante.
Mesmo assim, tu me saíste apaixonante.


Da luz que outrora teus olhos ilumina,
Iluminou minh´alma. Fez-me perceber a menina,
Fiz-me escravo desta minha sina,
Imperatriz marcante da mente minha.


Do teu sorriso pude perceber,
Sem nem ao menos merecer,
Vi o poder de me fazer tremer,
Tal sorriso que me fez estremecer.


Quero contigo estar,
Fazer teu coração vibrar,
Com tua alma me encantar,
Ensina-la a essência do verbo Amar.




Hadson José

Meus pensamentos aturdidos


Meus pensamentos aturdidos,


Outrora certeiro no que queria,


Hoje já não sabe o que quer.


Viver na ausência de teu beijo,


E na visão de teu sorriso.





Meu sorriso, nos lábios, não se encontram mais.


Minha calma na alma não reina mais.


Perdido estou.


No labirinto de tuas mãos quero me encontrar.


Quero ser a parcela da tua vida,


E você ser a minha eterna flor.





Da clareza de tua pele quero o cheiro,


Apaixonar-me mais e mais,


Do teus olhos quero a certeza.


A vontade de estar e ser.





Dê-me a possibilidade da paixão,


Pois do amor, penso ser pura ilusão.


Quero contigo desvendar a arquitetura do amor,


Ser o mestre da obra de tua vida.





Construir a simplicidade de amar,


Ser o alicerce de teus sonhos,


A viga mestre de teus desejos,


A liga que une tua alma a minha.

Hadson José


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Este poema foi escrito pelo meu docente de Física. 



O Albatroz Azul

João Ubaldo - O Albatroz Azul


Depois de vencer a depressão e o alcoolismo, o escritor baiano ressurge renovado com o solar - e ótimo - O Albatroz Azul

Por Cristiane Costa

Sete anos separam o soturno Diário do Farol do solar O Albatroz Azul. Entre o último romance, publicado em 2002, e o mais novo, que chega às livrarias neste mês, João Ubaldo Ribeiro viu a vida lhe sorrir. Nesse período, o escritor de 68 anos ganhou o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, teve seu passe disputado por várias editoras num vultoso leilão, saiu de uma profunda depressão e venceu o alcoolismo. Hoje, esbanja vitalidade e já fala até em parar de fumar. O humor que perpassa as páginas de O Albatroz Azul, uma volta ao universo e aos tipos inesquecíveis de sua lendária Itaparica, reflete esse momento. O escritor está de bem com a vida.
(...)

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