agosto 30, 2009

A MINHA ALMA PARTIU-SE COMO UM VAZO VAZIO

No quarto passa a noite debruçado à secretária. Confundimo-lo com os livros, papéis, também lápis minúsculos que só ele consegue manusear. O cinzeiro cheio de pontas de cigarro. Escreve, compulsivamente, ao jovem amigo Casais Monteiro:

"…Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida-real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar."

4 comentários:

  1. Maxmyller Carvalho31 agosto, 2009

    Ryanny, eu achei muito interessante esse texto que você postou. O seu blog está incrível e siga em frente neste ramo, pois você tem um talento incontestável com as palavras. Parabéns!
    Beijos do seu amigo e agora fã.

    ResponderExcluir
  2. Max...
    Hadson tinha razão!
    Rsrs...

    Muito obrigada!!!

    Beijos...

    ResponderExcluir
  3. Esse trecho de Pessoa é excelente. Assim ele fez sua poética... Muito bom.

    Um grande abraço.

    ResponderExcluir
  4. Obrigada...

    Tenho uma uma grande admiração por Pessoa.
    Um grande abraço também, Jefferson.

    ResponderExcluir

"Tudo vale a pena se a alma não é pequena." Fernando Pessoa