agosto 22, 2009

Nova e Velha angústia

“Esta velha angústia, esta angústia que trago há séculos.”


FERNANDO PESSOA
Esta nova e velha angústia
Que se fez mais angústia por eu tentar esquecê-la
Esta que finjo que não tenho
E diante dos outros sou mais angustiantemente falso
Eu que é o mais salutar dos homens
E, no entanto acho-me o mais maluco dos seres
E que vivo assim diferente de mim
Eu que pareço são e que na verdade não sou
Nada sou
E tudo sou, pois há em mim a vontade de saber
De saber e decidir-me o que ser
Pois ajo diferente em público
Disfarçadamente bom e modelo social
Ah! Mais que farsa é esta?
Eu não sou são
Pois são na verdade não me interessa ser
Faça- me entidade maior louco de vez
Pois que não agüento falsificar-me perante o mundo
E ser taxado de ser normal, o homem exemplar
Ora, que não sou exemplo
Sou exemplo só se for de loucura e desalento
Se eu me decidir
Não decidir não!
Já está feito
Sou louco imensamente louco
Sou um sujeito maluco
Estou pronto para me libertar desta vida mundana


Lucas Betancourt

4 comentários:

  1. Nossa!!!!!! Amo esse poema de Drummond!
    Muito obrigada pelo comentário em meu blog. E PARABÉNS PELO SEU! É muito bonito!
    Beijo.

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  2. Ah... as angustias. Velhas ou novas, talvez sejam o que nos move... Bom final de domingo! bjs.

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  3. Foi um prazer visitar seu blo Vanessa!

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"Tudo vale a pena se a alma não é pequena." Fernando Pessoa