abril 21, 2010

Renato Russo - por Henrique Pimenta

Henrique Pimenta fez um poema que adorei ler, admiro muito Renato Russo e ele ficou simplesmente lindo entre os versos decassílabos. 





Renato Russo 





O Russo que idolatro sem retardo,


Renato que retrata com o que escreve
A década de 80, no que é breve,
E se eterniza no seu brado bardo.

"Geração Coca-Cola", que petardo!
"Será", "Ainda é cedo"... não há greve
De gênio, de poeta que se atreve,
Diverte-se com a luz do que era pardo.

Um ícone sincrônico de efebos
Com dúvidas e travos e virtudes
E certos dos prazeres dos placebos.

Extinto o seu a mil vai, amiúde,
Moldando-se ao Amor, como concebo,
Do tempo em que se encontra a juventude.

Henrique Pimenta



A primeira vez que ouvi Legião Urbana foi na quarta série e ouvi Pais e Filhos, fiquei apaixonada pela composição e apesar de minha mentalidade infantil me sensibilizei com a música, meu segundo contato foi aos treze ou catorze, daí em diante convenci-me que ele era um gênio, hoje, aos quinze noto-o como um ultra-romântico e que vai ficar guardado no meu coração para sempre.  



abril 18, 2010

Um umbigo literário

Li uma vez que Fernando Pessoa tinha certo asco à homossexualidade, entretanto se dizia mulher “na cabeça”, mas isso nunca passou para o seu corpo.
(Eu nunca li C a p i t u – esqueci: Dom Casmurro –, mas assisti a minissérie da Globo – que aliás, é divina. Tirei algumas conclusões sobre o romance, um dia lê-lo-ei.)

Às vezes penso na nossa literatura como um grande corpo feminino de cérebro masculino* e umbigo de Capitu, sim umbigo... Creio que você já deve ter ouvido falar de uma lei do centro que tem como exemplo a pintura Monalisa, por isso o quadro é tão genial. A ciência também fala disso – dessa lei Áurea; minha professora de cello diz para eu tocar com o arco na parte central das cordas, pois o som sai melhor. É coisa de centro. É melhor ficar no centro da sala. É muito bom ser o centro das atenções. Coisa de centro. Entretanto, não quero tornar “o centro” uma coisa matemática, pelo contrário, só quero dizer que Capitu é o centro. Li uma crônica-conto de Lygia Fagundes Telles – vou pegar o livro para reler – de título Rua Sabará, 400, quem estava nele? Capitu! Mas é perfeitamente compreensível, porque, juntamente com Paulo Emílio, ela estava escrevendo um roteiro para o romance. Agora li Capitu sou eu de Dalton Trevisan, já que me foi pedido, gostei muito; adorei a revolta: “A sonsa, a oblíqua, a perdida Capitu. Essa mulherinha à-toa.” O mais interessante nos dois textos é que as pessoas mud(av)am de opinião, nenhuma convicção, esta é uma obra eterna de uma eterna efemeridade. Nunca há um consenso, e como haver? Parar de discutir sobre o livro – ou talvez, a bruxaria? Eu não li, e já estou marcada. Conhece alguém sem umbigo? Conhece um escritor sem Capitu? *



* Muitas mulheres escreviam antigamente, mas elas tinham pseodônimos masculinos, um exemplo de mulher potiguar que não fez isso foi Auta de Souza.
* Pode existir!