Mãos enlaçadas
Mãos no vidro
no apartamento
ar quente da boca
que respira ofegante
marca a vidraça da janela
Lá fora poucas pessoas passam
e algumas observam o amor...
quem ama sabe bem do
calor das faces
que se procuram
na escuridão
Mãos enlaçadas
corpos suados
molhados...
A tempestade bate à janela
e, como se a natureza fosse uma coisa só,
os corpos se amam – tempestuosamente
Até até até
O despontar da aurora
O cheiro de amor rondando
A neblina … o pouco Sol que já procura os amantes...
está com inveja da lua
acha que os corpos se amam mais de madrugada...
e que não vão se amar pela manhã
Mas, de manhã, o casal se procura, se reconhece...
(acende-se a chama)
pra fazer feliz o Sol
que se aquece do calor dos amantes...
Inclinam-se os corpos...
Faz-se a manhã...
para um dia em que os astros
celebram os signos vários
da natureza bem-acabada
do amor dos seres
que ocupam no espaço
o mesmo lugar.