setembro 24, 2011

Poema do amor comum



Mãos enlaçadas 
Mãos no vidro 
no apartamento 
ar quente da boca
que respira ofegante 
marca a vidraça da janela 
Lá fora poucas pessoas passam 
e algumas observam o amor...
quem ama sabe bem do 
calor das faces 
que se procuram
na escuridão
Mãos enlaçadas
corpos suados
molhados... 
A tempestade bate à janela
e, como se a natureza fosse uma coisa só, 
os corpos se amam – tempestuosamente 
Até até até 
O despontar da aurora 
O cheiro de amor rondando 
A neblina … o pouco Sol que já procura os amantes...
está com inveja da lua
acha que os corpos se amam mais de madrugada...
e que não vão se amar pela manhã
Mas, de manhã, o casal se procura, se reconhece...
(acende-se a chama)
pra fazer feliz o Sol 
que se aquece do calor dos amantes...
Inclinam-se os corpos... 
Faz-se a manhã...
para um dia em que os astros
celebram os signos vários 
da natureza bem-acabada 
do amor dos seres 
que ocupam no espaço 
o mesmo lugar.