julho 27, 2011

Mini crônica - Nua pela cidade


Eu estava nua andando pela cidade, passei pelo barzinho do seu Wilson e disse um sorridente e costumeiro olá e ele me olhou normalmente dizendo: “tudo bem, Ná?” “Tudo em cima, Seu Wilson! Como vai a Dona Vanda?” disse. “Tudo em paz com ela, minha flor.” Sorri e continuei minha caminhada nua. Percebam que eu disse caminha nua e não nua caminha, portanto, não achem que toda essa nudez está no sentido metafórico. Longe de mim estavam as metáforas, mas... metaforizando, estava nua de tudo mesmo. 'Nuíssima'. Erradamente nua, mas era certo. Explicarei o porquê.
Minha nudez estava certíssima, não porque todos ao meu redor estavam nus, mas, sim, porque todos olhavam-me como se nada de errado estivesse  fazendo. Não era bem uma coisa certa, nem normal – pois norma certamente não seguia, já que todos estavam vestidos –, porém em momento algum as pessoas ligavam para minha nudez e não era por estarem todos muito ocupadas, afinal sempre há aquelas pessoas que por  ausência de vida, preocupam-se com a alheia, respiram o ar alheio, ouvem os sons  destinados a outros ouvidos.... Enfim, até aqueles que estão aí para tudo, não estavam aí para mim.
Ai, mas quão tranquila estava eu a caminhar, disse oi para Dona Expeditina, que colocava um bolo na janela para esfriar... e ela me disse: "É de fubá, Ná, seu preferido, depois vem cá pegar um pedaço! Sim, o Pedrinho mandou perguntar se você está livre no domingo à tarde pra ensinar pra ele português, tadinho, tá com nota baixa na matéria. Respodi: “Sim, estou livre, venho à tarde ensinar a ele.” “Obrigada, Ná, não se esqueça do bolo, viu, venha antes que acabe.” “E eu lá vou esquecer de comida, Dona Expeditina!”
Continuei meu passeio pela minha cidade, falando com os meus conhecidos, passando por lojas... Continuei  e ninguém se importava com minha nudez. Ninguém. Ah... Nem eu me importava, era para mim muito normal não estar vestida.
Acordei, era sonho é claro, vocês já deveriam ter previsto. Mas que sonho estranho esse, minha nudez não era metafórica, estava nua mesmo e não se importavam com isso... Tinha que ser sonho mesmo... quando é que vão deixar de se importar com os outros? Neste mundo, sobrevivência é uma questão de imitação. Quem não segue a norma, normal não é.
No sonho, pelo menos, não fui para o hospício.

Crônica - O Brasil dos que não são vistos

30-04-2011 

Eu conheço alguém que costuma dizer: deve-se  criticar mesmo os políticos, pois se eles acertam, não fazem mais do que a obrigação. Não tenho que ficar agradecido por determinados avanços nem regalias.
Mas e aí? O que será mesmo correto? Criticar é a melhor opção?, criticar somente é a melhor opção? Ou não, criticar somente não é correto, é necessário ver também os acertos. Mas por que vemos os acertos? Por que se diz: Fulano foi ótimo, foi por causa dele que eu passei a comprar, tenho uma geladeira, um fogão e até um micro-ondas, onde que ia pensar que teria um micro-ondas? 
Comprar é deveras muito importante. Desenvolver o mercado interno do país é ótimo, não foi assim que superamos a crise? Mas isso não é o suficiente. Há coisas que muitos não veem. Muitos. Coisas assim, simplíssimas. Saneamento é uma delas, por que isso não é considerado tão importante? Para os poucos cidadãos que se questionam sobre tal assunto, tenho-lhes uma resposta – que provavelmente vocês poucos já devem ter pensado – não se vê! Saneamento não é uma ponte, saneamento não é pobre comprando, a gente não passa numa rua e diz: essa rua é saneada! Mas se alguém constrói uma ponte, se alguém arrumou uma rodovia – mesmo que esta vá esburacar em dois tempos – , certamente nós, cidadãos, nos lembraremos de quem fez a ponte, de quem melhorou visivelmente as nossas vidas. Também há o pobre que tem um maior poder de compra, vota no político que possibilitou isso para ele. E como não votaria? É claro que quando se melhora a situação financeira, continua-se querendo melhorá-la. Óbvio! Por qual motivo eu votaria em alguém que não fez nada para mim? Ora, se eu posso votar em alguém que fez! Ótimo então! 
Agora, voltando ao saneamento.. E aí? Não é importante? No O Globo de hoje, vi a foto de um casal de Recife que vive numa “casa” sem água e sem esgoto, ah... a luz é clandestina e só foi adquirida este ano. E aí? Eles estão de baixo de uma ponte. Acho que ninguém nunca viu. Político nenhum passou por lá. 
Falar bem? Isso cultural. Não é para falar bem não, pois coisas boas não são maravilhosas, elas obrigatoriamente tem de ser feitas. Coisas boas são coisas necessárias. Uma casa. Saneamento. Luz. Água. Educação. Livros. Cultura. Isso é bom realmente, mas é não é só isso, é obrigação. 

julho 13, 2011

Um pedido para blogueiros

Esse post é só pra pedir uma coisinha do do pessoal que posta, tem blog.. 

Gostaria que meus colegas blogueiros ativassem sua versão para Smartphone - já disponível no Blogger -  em seus blogs, facilita muito pra quem vê blogs do celular, é mais rápido e bem melhor pra visualizar. 
;)